O Intendente Francisco Alves, do Comando Metropolitano de Lisboa da Polícia de Segurança Pública (PSP), deu uma lição sobre rivalidade durante a conferência de imprensa onde falou das medidas de segurança extraordinárias que serão implementadas em Lisboa no domingo, dia de Benfica-Sporting. Um dérbi marcado para as 18 horas, no Estádio da Luz, onde são esperadas cerca de 60 mil pessoas, merecendo, por isso, classificação de «evento de alto risco» e que vai obrigar «a dois momentos com maiores condicionamentos à mobilidade» na cidade.
Com efeito, entre as 15 e as 16 horas, altura em que será efetuado o «acompanhamento apeado» dos adeptos do Sporting até ao Estádio da Luz, «devem ser evitadas» as ruas Professor Fernando da Fonseca, Professor Fernando Namora, a Travessa da Luz e a Estrada da Luz, junto ao Colégio Militar, no acesso à 2.ª Circular. O acompanhamento dos adeptos do Sporting, que devem concentrar-se a partir das 14.30 horas junto das portas 6 e 7 do Estádio de Alvalade, será efetuado durante todo o percurso de modo a garantir a «passagem segura» destes até ao Estádio da Luz e sempre atento a «tentativas de intromissão no trajeto».
Num segundo momento, já junto ao Estádio da Luz, estarão condicionadas, entre as 16 e as 17.30 horas, a Avenida Machado Santos, a Rua Frei Luís de Granadas e o cruzamento junto ao Metro do Alto dos Moinhos.
As portas do estádio abrem às 16 horas, pelo que fica o apelo aos adeptos para que «preparem atempadamente» a chegada, de preferência de transportes públicos, ao recinto, onde vão encontrar um dispositivo policial «assente na forte visibilidade e proximidade». Mobilizadas foram a Divisão de Trânsito do Comando Metropolitano de Lisboa e a Unidade Especial de Polícia para, através do Corpo de Intervenção, «resolver situações mais complexas».
Um planeamento para assegurar a segurança dos adeptos dentro, fora e nas proximidades do estádio que, alerta Francisco Alves, «só funcionará se houver fair play» dos adeptos. Questionado se teme desordem por parte de alguns adeptos face a declarações inflamadas de alguns dirigentes desportivos, o agente deu uma lição sobre rivalidade:
«Este é um evento classificado de risco elevado, mas não tem necessariamente de haver alterações da ordem pública. Sabemos que o dérbi e a rivalidade entre estas duas equipas é histórica. A rivalidade é saudável, no desporto e no trabalho, desde que não interfira com a liberdade dos outros. Se a rivalidade for saudável é benéfica. Se for ultrapassado o limite da rivalidade e as normas não forem respeitas, a PSP tem de entrar em campo».
«Criámos equipas multidisciplinares, não só no complexo, mas também no exterior e além dele para podermos, primeiro, prevenir, e, se não conseguirmos prevenir, detetar no imediato e reagir a determinado cenário. O conceito está preparado ao contrário, para que as pessoas venham ao estádio e se divirtam com essa rivalidade histórica. Há três resultados possíveis e, no final do jogo, uns vão para casa contentes, outros tristes. Faz parte da vida.»
Já a recente medida, aprovada em Conselho de Ministros, que prevê pena até cinco anos de prisão para uso ou posse de pirotecnia, não entra no planeamento deste dérbi: «É uma medida que terá especial atenção quando entrar em vigor. Creio que a proposta foi já enviada à Assembleia da República para aprovação. Neste cenário não estamos perante essas medidas. Para este jogo não farão sentido. Havemos de falar disso no futuro.»